25 de novembro de 2008

Evangelização mistagógica
"BebiNaFonte" conforme
Sacramentum Caritatis nº 64 de Bento XVI

64. A grande tradição litúrgica da Igreja ensina-nos que é necessário, para uma frutuosa participação, esforçar-se por corresponder pessoalmente ao mistério que é celebrado, através do oferecimento a Deus da própria vida em união com o sacrifício de Cristo pela salvação do mundo inteiro.

Vista a importância essencial desta participação pessoal e consciente, quais poderiam ser os instrumentos de formação mais adequados?

  • É preciso promover uma educação da fé que predisponha os fiéis cristãos a viverem pessoalmente o que se celebra.

  • Para isso, a estrada duma catequese de caráter mistagógico, que leve os fiéis cristãos a penetrarem cada vez mais nos mistérios que são celebrados.

Na tradição mais antiga da Igreja, o caminho formativo do cristão — embora sem descurar a inteligência sistemática dos conteúdos da fé — assumia sempre um caráter de experiência, em que era determinante o encontro vivo e persuasivo com Cristo anunciado por autênticas testemunhas.


Quem introduz nos mistérios é primariamente a testemunha; depois, este encontro aprofunda-se, sem dúvida, na catequese e encontra a sua fonte e ápice na celebração da Eucaristia. Desta estrutura fundamental da experiência cristã parte a exigência de um itinerário mistagógico, no qual se hão-de ter sempre presente três elementos:


a) Trata-se, primeiramente, da interpretação dos ritos à luz dos acontecimentos salvíficos, em conformidade com a tradição viva da Igreja; de fato, a celebração da Eucaristia, na sua riqueza infinita, possui contínuas referências à história da salvação.

  • Em Cristo crucificado e ressuscitado, podemos celebrar verdadeiramente o centro recapitulador de toda a realidade (Ef 1,10); desde o seu início, a comunidade cristã leu os acontecimentos da vida de Jesus, e particularmente o mistério pascal, em relação com todo o percurso do Antigo Testamento.

b) A evangelização mistagógica há-de preocupar-se por introduzir no sentido dos sinais contidos nos ritos; esta tarefa é particularmente urgente numa época acentuadamente tecnológica como a atual, que corre o risco de perder a capacidade de perceber os sinais e os símbolos.

  • Mais do que informar, a evangelização mistagógica deverá despertar e educar a sensibilidade dos fiéis para a linguagem dos sinais e dos gestos que, unidos à palavra, constituem o rito.

c) A evangelização mistagógica deve preocupar-se por mostrar o significado dos ritos para a vida cristã em todas as suas dimensões:

  • trabalho e compromisso,

  • pensamentos e afectos,

  • atividade e repouso.

Faz parte do itinerário mistagógico pôr em evidência a ligação dos mistérios celebrados no rito com a responsabilidade missionária dos fiéis cristãos;

  • neste sentido, o fruto maduro da mistagogia é a consciência de que a própria vida vai sendo progressivamente transformada pelos sagrados mistérios celebrados.
  • Aliás, a finalidade de toda a educação cristã é formar o fiel enquanto « homem novo » para uma fé adulta, que o torne capaz de testemunhar no próprio ambiente a esperança cristã que o anima.

Condição necessária para se realizar, no âmbito da comunidade cristã, esta tarefa educativa é dispor de formadores adequadamente preparados;

  • mas todo o povo de Deus deve, sem dúvida, sentir-se comprometido nesta formação.
  • Cada comunidade cristã é chamada a ser lugar de introdução pedagógica aos mistérios que se celebram na fé;
  • O Espírito Santo não poupa a efusão dos seus dons para sustentar a missão apostólica da Igreja, a quem compete difundir a fé e educá-la até à sua maturidade.

20 de novembro de 2008

Como falar de Deus

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Como falar de Deus ?
Como agiu Jesus Cristo?

Jesus Cristo “encarnou” “fez-se igual a todos” para ensinar a todos que, este é o modelo a ser seguido por quem quer falar de Deus e levar seus irmãos de volta ao Pai.

Assim pontifica o Catecismo da Igreja Católica:


39 - Ao defender a capacidade da razão humana para conhecer Deus, a Igreja De Cristo exprime a sua confiança na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. Esta convicção está na base do seu diálogo com as outras religiões, com a filosofia e as ciências, e também com os descrentes e os ateus.

40 - Mas dado que o nosso conhecimento de Deus é limitado, a nossa linguagem, ao falar de Deus, também o é. Não podemos falar de Deus senão a partir das criaturas e segundo o nosso modo humano limitado de conhecer e de pensar.

41 - Todas as criaturas são portadoras duma certa semelhança de Deus, muito especialmente o homem e a mulher, criados à imagem e semelhança de Deus.
As múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a sua bondade, a sua beleza) refletem, pois, a perfeição infinita de Deus. Daí que possamos falar de Deus a partir das perfeições das suas criaturas: «porque a grandeza e a beleza das criaturas conduzem, por analogia, à contemplação do seu Autor» (Sb 13, 5).
42 - Deus transcende toda a criatura. Devemos, portanto, purificar incessantemente a nossa linguagem no que ela tem de limitado, de ilusório, de imperfeito, para não confundir o Deus «inefável, incompreensível, invisível, impalpável» com as nossas representações humanas. As nossas palavras humanas ficam sempre aquém do mistério de Deus.

43 - Ao falar assim de Deus, a nossa linguagem exprime-se, evidentemente, de modo humano. Mas atinge realmente o próprio Deus, sem, todavia poder exprimi-Lo na sua infinita simplicidade. Devemos lembrar-nos de que, «entre o Criador e a criatura, não é possível notar uma semelhança sem que a dessemelhança seja ainda maior», e de que «não nos é possível apreender de Deus o que Ele é, senão apenas o que Ele não é, e como se situam os outros seres em relação a Ele».

Pai nosso


Então disse Deus:



  • Façamos o homem à nossa imagem e nossa semelhança, e tenha poder... Deus criou o homem à sua imagem, criou-o a imagem de Deus. E criou-os homem e mulher... Prolificai e multiplicai-vos (Gn 1, 26-27).

Façamos – assim no nosso modo de entender Deus falou de si para si. Imagem e semelhança especial da natureza divina o homem e a mulher a trazem em si, enquanto dotados de inteligência e livre arbítrio.



Deus criou um só casal de seres humanos, e quis que dele dependesse, por via de reprodução natural, todo gênero humano. (cf.At 17,26):




  • At 17,26 — “E ele tirou de um só todas as estirpes dos homens para ocupar toda superfície da terá, estabeleceu e dispôs previamente os tempos e os limites do seu domínio”.

Tirou... estabeleceu e dispôs: todos os homens, todas as coisas e os acontecimentos vêm de Deus e são por ele ordenados e guiados ao único fim, que é o de os homens e mulheres o conhecerem e o adorarem.


A afirmação originária de todo o gênero humano e, por conseguinte, da fraternidade universal.


É a afirmação mais clara da unidade da espécie humana e da fraternidade universal de todos os homens; todos têm o mesmo Criador e o mesmo progenitor na terra.





O mundo não é eterno; teve um princípio no tempo, saiu do nada e se ajustou não por si nem por acaso, na sua bela a harmoniosa variedade, mas pelos desígnios de Deus. Verdade fundamental!


O escriba toma a imagem do mundo tal como a ciência de então a via. Ele a simplifica e estiliza em seres e grupos elementares. Divisão e oposição são princípios de ordem e harmonia (Eclo 33, 7-15), classificação e nomenclatura são princípios de conhecimento organizado.



Eclo 33, 7-15— 7 Por que um dia é diferente do outro se todos repetem a luz do sol? 8 A ciência de Deus os distinguiu, e estabeleceu dias festivos entre eles. 9 abençoou um deles e o santificou e fez comuns os demais. 10 Todos os homens são peças de barro, pois o homem foi criado de argila, 11 mas a sabedoria de Deus os distingue, os fez habitar a terra e fez diferentes seus extintos os. 12 A uns abençoa e exalta, a uns consagra e aproxima de si; a outros amaldiçoa, humilha e derruba de seus postos. derruba de seus postos. 13 Como está o barro está nas mãos do oleiro, que o maneja segundo sua própria vontade, assim está o homem nas mãos de seu criador, que lhe confere um lugar na sua presença. 14 Diante do mal está o bem, diante da vida a morte, diante do honrado o perverso, diante da luz as trevas. 15. Contempla as obras de Deus: Todas de duas em duas, uma corresp0nd à outra.



Essa visão empírica é projetada globalmente no momento do primeiro existir, e aí entram em ação dois princípios dinâmicos:

  • o alento de Deus, que incuba e transforma o caos em cosmo,
  • e a palavra soberana de Deus, que dá ordem para o existir, designa lugar e nome, e abençoa.
Deus é o soberano que dá ordens e elas se cumprem, é o artesão que executa e contempla comprazido a obra feita, é o poeta que pronuncia os nomes primigênios

Pela ação de Deus e sua aprovação autêntica, toda a criação com suas partes é boa e bela, harmoniosa e não confusa. Deus cria alguns seres individuais únicos, outros segundo sua espécie, de modo que se prolonguem e cresçam pela fecundidade, numa forma de ação criadora delegada
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12 de novembro de 2008

PerSeguindo

 
Seguindo de perto
 
 
"seguir de perto é "PerSeguir""  
 
 
"PerSeguindo"
 
Há um caminho traçado
perseguindo as pegadas
descobri que são do mestre Jesus.
Por elas enveredei
e ao cimo do monte cheguei,
lá havia uma cruz.
 
Abracei-a reconhecendo,
acolhendo sobre ela deitei-me
e desfaleci.
 
Quando acordei,
já não era mais eu,
era só Ele.
 
Já não pensava por mim
Ele falava ao meu pensamento,
dirigia a minha voz,
o meu cantar e o meu canto.
Nada,
absolutamente nada tinha de meu
era tudo de Deus.
Curitiba, - Colombo—Paraná—Brasil
Em 30 de setembro de 2007.
 

O esponsal

O sentido “Crístico” do casamento cristão

 
O esponsal é um comprometimento livre e espontâneo onde há partilha total de créditos e débitos na doação mútua.
 
Uma unidade de medidas esponsais de doação mútua e compulsória, nos seus créditos e nos seus débitos: humanos, espirituais, emocionais, psicológicos, culturais, intelectuais, sociais, econômicos, no intercâmbio do dia a dia.
Um paraíso quando se vivencia os créditos. 
Um estágio probatório e penitencial, santificador quando por amor vai vivenciar os mútuos débitos.
Este é o casamento sacramental que tem como primeira missão:
Ser santuário de vida;
Gerar vidas: filhos de Deus, para Deus.
Sucintamente eis o sentido “Crístico” do casamento cristão:
“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles.» (Mt18,20).
Dois: “pai e mãe” ou mais “filhos”. Portanto para que Deus esteja com eles basta que permaneçam unidos em nome de Cristo.
Os esposos carecem estar em Deus nas vivências santificantes como nas glorificantes. Ambas são instrumentos do amor misericordioso e apaixonado de Deus. No amor, na alegria, na doença e na saúde, até que a morte os separe.
A espiritualidade e a mística dos esponsais é para ser vivenciada por Deus, com Deus e em Deus.
“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher”. (Gn 1.27).
A nem todos é dado compreender
«A vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas, aos outros ele vem por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam». (Lc 8,10).
Aquele que quiser ser discípulo cristão tomará sua cruz a cada dia e perseguirá, ou seja seguirá de perto as pegadas do Mestre.
Deus chama cada um pelo nome e lhe doa uma missão. É na consagração batismal que nasce toda missão profética sacerdotal e régia, para a vocação a que foi chamado cada ser.
A missão é sempre um dom recebido de Deus.
 
 

 
 
 


Em toda experiência mística, Deus toca um centro no qual o ser humano, homem ou mulher, só pode ser fundamentalmente receptivo. Existe um “talante feminina” que se distingue por algumas características bastante definidas:
a) - um estilo mais inclusivo no pensamento e nas atitudes, b) - convicções morais mais centradas na misericórdia, c) - maior sensibilidade perante os fracos e os que sofrem.
As mulheres são de fatos as principais consumidoras, agentes transmissoras de espiritualidade – mães, professoras, catequistas, amigas. Trata-se de característica marcadamente espiritual e, maiormente necessárias em qualquer espiritualidade evangélica integral. É importante reconhecê-las como condutos privilegiados do desenvolvimento e da criatividade espiritual.
No cerne dos principais mistérios de nossa fé, ao lado de Cristo, estiveram presentes - no anonimato daquele momento - grandes mulheres: Maria de Nazaré = Mãe de Jesus Cristo - Mãe da Igreja – Mãe de Deus; Maria Madalena = apóstola dos apóstolo. “Cristo Ressuscitado” confiou-lhe a missão de anunciar o “Mistério Pascal” aos seus irmãos.
As primícias dos grandes mistérios da: Encarnação do Verbo e da Ressurreição de Cristo foram patenteadas por discípulas mulheres. A mulher é mais fiel – isto é – aplica-se à memória que guarda, ou conserva com exatidão as idéias. É fidedigna.
““A força moral da mulher, sua força espiritual, se une à consciência de que Deus lhe confia o homem, de um modo especial”, o que faz dela “uma fonte de força espiritual para os outros”, que compreendem a grande energia de seu espírito” (JoãoPauloII).
Compete aos homens simplesmente ser realistas, oferecer com humildade e cuidado suas contribuições, respeitando a sensibilidade feminina e evitando entorpecer essa inesgotável dinâmica espiritual que as mulheres levam adiante com fortaleza, resistência e intuição.